quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

"Eu vejo-me e estou sem mim, Conheço-me e não sou eu"

"Eu vejo-me e estou sem mim, Conheço-me e não sou eu"

Orgulho-me de, pelo menos uma vez na vida, conseguir (ou pensar conseguir) compreender Fernando Pessoa. E eu que tenho tanta dificuldade em interpretar poesia! Mas este verso agrada-me especialmente. Identifiquei-me com ele assim que o li. Mesmo antes de o entender verdadeiramente. Será que alguma vez o vou entender?! Atribuí-lhe um significado, desvendei-o (do meu ponto de vista, claro). A poesia é desvendável por todos os que a tentam desvendar. A verdade é que é difícil encontrar uma solução que se adeque.
E eu consegui adequá-lo a mim mesma. Tem que ver comigo. Pois, apesar de eu me ver e de me conhecer, ou seja, de saber quem sou e de reconhecer as minhas qualidades e os meus defeitos, estou várias vezes "sem mim". E quantas vezes "não sou eu"? Todos temos situações em que reagimos sem saber porquê, parece que estamos sem nós, que não somos nós, sequer.
E eu sou assim tantas vezes que até fico baralhada com o meu ser. Apesar de me conhecer às mil maravilhas. Confuso ou impossível? Eu sou confusa, todos nós somos confusos, o mundo é confuso. No entanto, eu sei quem sou e em que mundo vivo.
É bom encontrar uma frase confusa, atribuir-lhe um significado confuso e, no fim, olhar para ela como se tivesse sido eu a escrevê-la.

Um comentário:

ingmarsecret@gmail.com disse...

Achei interessante o que diz porque comigo acontece o mesmo.
Um beijinho grande do Porto. Maria Inês.