domingo, 18 de janeiro de 2009

Perdi a Liberdade! (sou um ponto da circunferência que luta por se afastar do centro)


A cada passo que dou sinto a minha vida mais previsível e monótona (monotorizada é a palavra). Calculada ao segundo, traçada a compasso, rigorosamente planeada. E tudo porquê? Saio da escola -sempre tão tarde e tão cansada- e ainda tenho obrigação (sim, é obrigação, deixou de ser só dever) de pensar nela. Tornou-se uma espécie de Grande Irmão, uma entidade que tudo vigia, tudo controla, que tem o dom de nos ocupar todo o dia e ainda a pretensão de definir todos os nossos actos quando (finalmente!) nos livrámos dela.
Se pego num livro, ("será só por 30 minutos, nem mais um segundo" ou "só este capítulo", "desta página àquela", juro a mim mesma) estou a perder tempo. Na verdade, sinto que não estou a perdê-lo - estou a gastá-lo como quero - mas, agora, a sociedade diz que sim.

Perdi a Liberdade! Porque liberdade é poder planear o que vou fazer e poder não fazer o que planeei.

Quando é que vou poder olhar para o Mundo, observá-lo, analisá-lo, desmontá-lo, dissecá-lo se, afinal, tenho constantemente o pensar, o olhar, o falar e o agir ocupados, comprometidos, imortalmente direccionados?
Como posso levantar questões filosóficas se o meu maior problema é de natureza matemática: falta de tempo!


P.S.: Quem me dera ser como tu, Sofia Amundsen que, escondida atrás dos arbustos, arranjas sempre tempo para ler as cartas do filósofo!