terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Os olhares
Trespassam-me
Facas afiadas, inexoráveis
Que ferem os olhos
Rasgos visionários
Num rosto sem cor
Ambição
Fosse um sentimento, um desejo
Que nos elevasse
Que nos tornasse superiores...
Mas eU sou pequena
E a minha ambição é grande,
Tornando-me ridiculamente
Minúscula, microscópica
Diante dos outros
Que, podem até não ter ambições
Mas são maiores do que eU
terça-feira, 1 de abril de 2008
"Deus"
Desse deus meu que eu sou quando me exalto.
Olho em mim todo um céu
E é um mero oco céu alto.
Fernando Pessoa
quarta-feira, 12 de março de 2008
A televisão
Os programas televisivos que abundam e que, de facto, fazem sucesso são completamente ocos de conteúdo interessante – onde estão a Ciência, a cidadania, a arte ou a educação nos cada vez mais frequentes “reality-shows” ou nas novelas?
Se é verdade que a televisão é de fácil acesso e baixo custo, podendo aí residir alguma democracia, também é verdade que o público é cada vez mais aliciado para a programação “vazia” e que os programas interessantes ou passam a horas tardias, ou não são devidamente publicitados, ou então estão confinados a canais a que nem todos podem aceder, pois implicam uma mensalidade extra.
Se a televisão fosse de facto mais democrática que o livro, então os jovens e as crianças deveriam ter um elevado nível de cultura e cidadania, dado que passam muito mais tempo em frente ao ecrã do que a ler. Mas o que se verifica é o acréscimo da violência e da futilidade, induzidos pela admiração e/ou tentativa de imitação das personagens das novelas, dos seus modelos estéticos e dos seus gostos (geralmente “maus gostos”).
A par de muitos outros objectos de interesse discutível e utilidade nem sempre aproveitada da melhor forma, a televisão surge mais como promotora de vícios do que de hábitos saudáveis ou aproximação à ciência. Cria fenómenos de alienação e dependência que não deixam o indivíduo gozar o prazer de um livro ou simplesmente contemplar a Natureza.
Escrito pela minha irmã Ana
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
"Eu vejo-me e estou sem mim, Conheço-me e não sou eu"
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Morangada: uma influência negativa
Sempre que vejo os Morangos com Açúcar (uma vez ou duas por série, só para saber se está muito pior que a anterior), dou por mim a exclamar "Que podridão! Isto mina a cabeça das pessoas!". E é verdade. Toda a gente sabe que os jovens são tão influenciáveis pela série, ao ponto de se associarem em grupos que vestem de maneira diferente (igual à dos "moranguitos"), que sabem andar de skate e de patins em linha, que utilizam um vocabulário o mais diminuto possível (com uso de estrangeirismos, calão e gíria estudantil), que têm problemas com a família, com os amigos, professores e confrontações pessoais; que não conseguem matar o vício do tabaco, álcool e drogas; que raramente estudam e nunca leram um livro na vida. Isto é obviamente, o exemplo dado pela série.
No entanto, não são apenas estas gerações que se deixam infectar por este vírus. Hoje em dia, os pais preenchem os requisitos para educar os filhos seguindo o modelo dos Morangos, e pensam tornar-se assim « os pais mais fixes do planeta!». Agora, sempre que discutem, ralham ou têm conversinhas da treta com os seus jovens emancipados (fazem um esforço por não bater!), é com aquela nota na voz: "Não reconheces a cena? Vi nos Morangos!". Esta série tem o dom de ter péssimos actores e criar ainda piores.
Mas será que as pessoas acreditam mesmo que tudo aquilo corresponde à realidade? Eu ainda tenho dúvidas. Porque, se assim for, não vejo razão para adoptarem um estilo de vida idêntico e ou aperfeiçoarem o que já têm em comum. As pessoas gostam do que vêm e querem esse mundo para si. Tentam viver essa realidade (que julgam ser verídica) mas, como está maioritariamente relacionada com traumas de infância e outras histórias de vida complicadas, têm que por florzinhas à volta para alegrar o quadro, criando um cenário patético.
Ainda bem que há pessoas que quando assistem aos Morangos é para tecer críticas e para dizer "Que podridão! Isto mina a cabeça das pessoas!"